Capítulo 1
SEGUINDO A CONCHA
“E se o caso for de ir à
praia, eu levo
essa casa numa sacola...” –
Los Hermanos
ARIEL: – Hoje não é o meu dia. Aliás, não
foi o meu dia. Definitivamente, esse é o meu fim. Visite o fundo do mar, eles
dizem. Você esquecerá seus problemas e ficará mais calma, eles dizem. Você
deveria pensar mais antes de agir, Ariel, ao invés de agir por impulso. Eu não
devia ter falado com a rainha sobre de onde eu vim. Olha onde me meti dessa
vez! Aliás, eu não devia era nem mesmo ter seguido aquele paguro!
Mais cedo naquele
dia...
ARIEL: – ”Guitarra, sombrero, sol e som, vamos a la playa, bom-bom, bom-bom?” Urrul!
Estamos quase chegando! Olha as dunas ali!
MEL (respirando fundo pela janela): –
Ah, que brisa! Que cheirinho bom de mar! Obrigada por terem me convidado. Faz
tanto tempo que não venho à praia. Ia ser legal se tivesse como a turma toda
vir.
ARIEL: – O Abel ficou de passarinhar
com o Pedro e a Cel hoje.* [*história do meu próximo livro...]
MEL: – Ih, pelas nuvens, tá indo chuva
pra lá! Ainda bem que aqui não, por que não vejo a hora de dar um grande
mergulho com essa roupa de mergulho.
AXL: – E eu, de estrear essa prancha
que comprei. ”De macacão de lycra e a
minha prancha, eu atravesso o sinal bem devagar, na direção do alto mar...”
ARIEL: – Hoje vai
ser um dia e tanto. Há um monte de coisas para vermos, um monte de coisas para
fazermos!
Dentro de um carro vermelho
é onde começamos essa pequena história, há algum tempo atrás. Os três
adolescentes no banco de trás do carro estavam tão empolgados quanto um
cachorro esperando jogarem uma bola macia para ele buscar. Ariel ia no meio,
entre seu irmão gêmeo Axl e sua amiga Melissa. Os três são grandes amigos,
ainda mais porque moram na mesma rua e estudam na mesma classe.
Praia.
Após mergulhar,
andar pela praia, tirar fotos (muitas), subir as dunas e fazer castelos de areia,
Ariel resolve pegar seu balde de castelo de areia e fazer o que sempre fazia na
praia, desde criança – coletar conchas.
ARIEL (dublando Axl e Mel): – “Não,
Ariel, espera eu surfar um pouco mais.” “Calma, Ariel, assim que eu der uns
mergulhos, a gente sobe as dunas.” Ah, quem precisa deles, afinal? Mas eu não
estou com raiva, por que isso seria muito imaturo. Apenas, o fim de semana
passa tão depressa que é melhor aproveitar. Eles não precisam mesmo de mim para
se divertirem. E eu também nunca precisei mesmo de ninguém para explorar
coisas. Coletar conchas não exige companhia. *contempla uma concha na mão* Elas
são tão bonitas! Quantos moluscos as tiveram, e, agora, vazias, pertencem a
mim. Azar de quem não quis vir comigo. O lema deles é “se uma coisa é boa, mais
é melhor”, enquanto o meu é... é... O que é aquilo ali?
Ariel viu um brilho
ali próximo. “Deve ser um pedaço de vidro”, pensou ela. “É melhor tirar antes
que alguém se machuque.” Ela correu até lá e descobriu que não era apenas um
pedaço de vidro. Era uma concha de uns 10 centímetros, de um formato bem
peculiar.
ARIEL (analisando a concha na mão): –
Que concha esquisita. E bonita. É como a concha que alguns crustáceos carregam,
mas, meio transparente. Tem vincos como uma cebola, uma abertura embaixo como
um sorriso, uma ponta como uma barbatana, e um desenho de âncora na frente.
Definitivamente, eu nunca achei nada parecido em todas as coletas que já fiz.
Será que dá pra ouvir o mar com ela? *coloca no ouvido* É, dá. De que bicho
terá sido? Como ele fez ela? Será que é só alguma joalheria? Talvez. Quem se
importa? Agora é minha! E ninguém vai acreditar quando eu mostrar. Eles dirão:
“Ariel, onde você conseguiu ela?” Aí eu vou dizer: “se eu contar, vocês não vão
acreditar.” Deve ser muito valiosa. É melhor guardar bem. *coloca no bolso no
blusão* 12:51! É melhor ir almoçar.
Após o almoço, Ariel
se retira para uma cadeira na sombra onde possa descansar um pouco olhando o
céu e o mar. Como o dia estava muito quente, a brisa era muito agradável, não
agradável como um desconto numa loja de cadernos estilizados, mas agradável
como derrotar alguém experiente num jogo em que você é bom. Deitada, Ariel
coloca os fones de ouvido para ficar ouvindo música enquanto pega no sono: “Tudo começou: janeiro, verão, sol, praia. Do mar você me olhou e procurou a mais
perfeita onda...” Ela fica olhando o horizonte, bocejando e pensando:
ARIEL: – O oceano parece tão monótono
visto de cima, mas é tão fervilhante de vida por baixo. *imagina pessoas de
outras épocas olhando o mar e se perguntando o que havia nele e além dele* Se
eu fosse um crustáceo, pegaria essa concha e-
Ela põe a mão no
bolso e o sente tão vazio quanto um pen-drive
formatado. A concha havia sumido! Ela se levanta duma vez como uma casa erguida
por balões, e vê no chão um rastro que um crustáceo deixou, levando sua concha
especial.
ARIEL: – Deve ter sido aquele paguro!
Pegou minha concha especial, minha cebola de vidro, a mais espetacular que já
achei nesses catorze anos!
Ela teve de correr
para alcançá-lo, já que ele era bem rápido para o seu tamanho, mesmo com o peso
da concha. Ariel o seguiu pela direita de onde estava até chegar numa gruta
escura, iluminada apenas no final por uma abertura no teto. O paguro deixou um
rastro que terminava numa pequena poça de água próxima à parede, com uma pequena
abertura iluminada no fundo.
ARIEL:
– Não acredito que um paguro sumiu com minha concha! Grrr! Eu sei que tenho
outras, mas não como aquela. Agora ninguém mesmo vai acreditar quando eu contar.
E eu não vou poder dizer que caiu dum caminhão senão vão dizer que é só uma
história de pescador e que eu tenho mesmo a imaginação muito fértil. Sorte sua
eu não ser do seu tamanho, paguro, senão eu passaria por essa fenda e lhe daria
uma lição! E agora – o que será de mim?
Bem quando Ariel
disse isso, ela percebeu um coco deixado ali próximo. Ele tinha quatro manchas
brancas e um canudo listrado de vermelho e branco.
ARIEL: – É isso o que eu chamo de fruto
do mar.
Nele, estava
escrito: “Me beba”. Ariel o pegou e o virou, para ver o líquido que ele
continha, mas nada saiu.
Após constatar que
não havia prazo de validade escrito nele e que nenhuma bruxa tentaria
engordá-la com água de coco, Ariel não perde essa oportunidade.
ARIEL (cantando mentalmente): – “água de oceano pra beber...”
No primeiro gole,
ela sente um sabor doce, suave e refrescante, tipicamente tropical, e decide
beber mais, seguindo fielmente a mesma curiosidade que a água não é capaz de
assumir quando é transformada em vinho. Gradativamente, ela vai encolhendo e
sua pele vai ficando verde e úmida.
ARIEL (olhando o coco aumentando e cair
de suas mãos):– Ah!!! O que está acontecendo comigo? Eu... virei um sapo! Ou
será uma rã? Bem, é melhor do que uma salamandra. Fique calma, Ariel! Nada de pânico.
É melhor voltar e pedir ajuda! Mas se ninguém me der atenção? *imagina Axl e
Mel dando as mesmas desculpas de antes* Não pense no pior, Ariel! Uma atitude
positiva cria situações positivas. Tipo, um acidente de verdade! Isso não é
emocionante? Será eu vou ficar assim para sempre? Isso só pode significar uma
coisa, você sabe o quê, Ariel? Claro que sei! Significa que agora posso me
inscrever oficialmente no Instituto para Jovens Mutantes. Mas, e se for a chance
de recuperar minha concha? Pelo menos não tive de jogar nenhuma moeda.
Ariel mergulha e
passa pela fenda até o outro lado, onde há uma porção de terra, entre a poça de
onde ela veio e uma grande lagoa. O lugar é maior que o átrio anterior, mas
iluminado graças a uma claridade no teto, embora sem nenhuma abertura.
ARIEL: – Que fenômeno estranho!
Na areia, Ariel vê o
rastro do paguro seguindo até sumir dentro da grande lagoa.
ARIEL: – Não! *suspiro* Agora, como o
seguirei?
Ela percebe, então,
uma bandeja coberta numa pedra ali próxima e vai pulando até ela. Ao abrir a
bandeja, encontra um cogumelo vermelho com manchas brancas e olhos pretos, com
uma etiqueta – “Me coma”.
ARIEL: – Me lembrei das roupas que as
meninas lá da cidade tão usado ultimamente. O que de pior pode acontecer, já
que virei esse sapo? E eu sempre quis provar um desses. Se já fiz uma coisa
impossível hoje, por que não arredondar para duas? Só falta eu crescer duma vez
como um telescópio refrator, igual à Alice.
Sabendo que a
maioria dos cogumelos é venenosa, Ariel deu apenas uma pequena mordida no
cogumelo.
ARIEL:
– Estou do mesmo jeito. É melhor do que não ter jeito. *ri* Bem, isso é o que
acontece quando se come algo, eu sei, mas não posso ser um sapo para sempre! É
melhor eu voltar e beber do coco. Quem sabe volto ao normal. Era o que eu devia
ter feito antes de pular pra cá. Se aqui ao menos tivesse um belo príncipe...
*suspiro apaixonado* Pelo menos esse cogumelo tem sabor de morango e baunilha.
O que Ariel não
sabia é que aquele não era um cogumelo qualquer. Ela come o resto do cogumelo
sem perceber que se transformou novamente.
Capítulo 2
A LAGOA (QUASE) DESERTA
ÁQUILA
ResponderExcluirabel ta muito massa essa historia!!!
ei eu comprei o protocolo blue hand
Cara, tu é doido!
ExcluirQuero muito ver o livro quando chegar!
Ah, sim, valeu! ^^'